Em um mundo onde a espiritualidade está cada vez mais associada a experiências emocionais e fenômenos sobrenaturais, muitos cristãos enfrentam um grande perigo: confundir comunhão com Deus com práticas místicas que desviam do que as Escrituras ensinam.
Neste artigo, refletiremos sobre como distinguir a verdadeira comunhão com Deus do misticismo evangélico moderno, explorando os fundamentos bíblicos e os perigos desse caminho equivocado.
A Comunhão com Deus: O Fundamento da Vida Cristã
O apóstolo João, em sua primeira epístola, define a essência da vida cristã:
“Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.” (1 João 1.3)
Essa comunhão é o relacionamento profundo e transformador que Deus Pai nos oferece por meio de Jesus Cristo. No entanto, muitos deturpam esse conceito, promovendo uma ideia de comunhão baseada em experiências emocionais ou práticas subjetivas, em vez de nos meios da graça estabelecidos por Deus.
Os Perigos do Misticismo Evangélico
O misticismo, amplamente presente em movimentos neopentecostais e outras vertentes evangélicas, apresenta a comunhão com Deus como algo alcançado por meio de fenômenos sobrenaturais, como visões, profecias ou manifestações extraordinárias. Essa visão é perigosa por vários motivos:
1. Subestima a Palavra de Deus
O misticismo coloca experiências pessoais acima das Escrituras, ignorando que a Bíblia é a fonte suprema da verdade.
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino…” (2 Timóteo 3.1c)
2. Ignora a Mediação de Cristo
Ao sugerir que é possível se relacionar diretamente com Deus sem a obra redentora de Cristo, o misticismo contradiz o próprio Evangelho.
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14.c)
3. Despreza a Gravidade do Pecado
Relacionamentos com Deus baseados apenas em emoções negligenciam o fato de que o pecado nos separa dEle.
“As vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus.” (Isaías 5S.2)
4. Coloca o Ego Humano no Centro
Experiências sobrenaturais tornam-se um fim em si mesmas, exaltando o indivíduo e afastando o foco de Cristo.
“Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória.” (Salmo 115.1)
A Verdadeira Comunhão com Deus
A verdadeira comunhão com Deus segue um caminho oposto ao do misticismo. Ela é:
• Cristocêntrica
Nossa comunhão é mediada exclusivamente por Cristo, que nos purifica do pecado.
“Temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (1 João 1.7)
• Baseada nas Escrituras
A Palavra de Deus é o fundamento da comunhão e o meio pelo qual testamos qualquer experiência espiritual.
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” (João 17.17)
• Marcada por Frutos Visíveis
Verdadeira comunhão gera frutos como santidade, obediência e amor a Deus e ao próximo.
“Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto.” (João 15.8)
Contemplando o Pai e o Filho
A comunhão genuína com Deus nos conduz à contemplação e adoração. Isso significa reconhecer:
1. O Amor do Pai
Deus nos amou ao ponto de entregar Seu Filho para nos reconciliar consigo.
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito…” (João 3.1c)
2. O Sacrifício do Filho
Cristo se entregou por nós, suportando a culpa e o castigo pelos nossos pecados.
“Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades…” (Isaías 53.5)
3. A Suficiência de Cristo
Ele é o centro de nossa comunhão, nosso advogado e mediador.
“Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14.c)
Conclusão: Rejeite o Misticismo, Abrace a Verdade
A comunhão com Deus não é baseada em sentimentos passageiros ou
experiências sobrenaturais. É fundamentada na Palavra de Deus, mediada por Cristo e vivida no poder do Espírito Santo.
Que busquemos um relacionamento profundo com Deus, não por caminhos místicos e egoístas, mas por meio da contemplação da Sua glória revelada em Cristo.
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor.” (Oséias 6.3)
Este artigo foi desenvolvido com base na pregação realizada no dia 22/12/2024, no Culto de Adoração da Igreja Batista Reformada de Francisco Morato.
Para se aprofundar no assunto, acesse: https://www.youtube.com/live/l3Sy0mlwrZA?si=-0Kw4HIWTRMfYUdn